Sobre/About

Produzir o retrato de uma época a partir de sua produção audiovisual e preservar estas referências, motivou a criação do site Inquietações Audiovisuais na Pandemia. Os anos 2020 e 2021 modificaram as possibilidades e condições de produção. O ser humano sofreu com uma peste cujo letalidade foi minimizada. Negação da dor e tristeza não se vendem sendo assim de pouca valia ao capitalismo na atual configuração. A rede tornou-se o espaço público possível agregando realizadores das artes e público na rede. O recorte temporal adotado por este site centra-se em um momento em que as artes com encontro, partilha e proximidade física foram interditadas. 

As artes com performances e a abertura de exposições existem em público. Estar na Web se tornou  a única opção naqueles já distantes anos. To be or not to be ou Tupi or not tupi não era uma questão.  Para existir os artistas precisaram ocupar o universo das redes, a presença passou a se dar como telepresença e a proximidade física substituída, passando a existir à distância. 

Com a produção audiovisual experimental como eixo, privilegiou-se aqui a catalogação de vídeos e performances audiovisuais, assim como seus respectivos autores e eventos.  Espera-se produzir uma leitura transversal das obras a longo prazo, e se organizar um acervo para que pesquisadores possam ter uma panorâmica desta produção e como ela dialoga com o tempo de urgências experimentado naqueles anos, notadamente em 2020. “Naquele tempo” ... a natureza não apenas humana, ganhou as cidades. Animais de grande porte andavam e descansavam nas ruas e jardins despovoadas da presença humana massiva. O tempo de medo e de outra relação com o espaço e com o tempo para a espécie humana, como fina ironia deixou as “feras” livres.

Hoje há abundância de produção amadora na rede, por ocasião da pandemia estes números foram superlativos. Experimentos de amadores e de profissionais, com recursos de plataformas de streamming como a série Feito em Casada Netflix, invadiram a web. Artistas com parcos ou nenhum recurso financeiro, encontraram na rede um espaço para existir. Nosso recorte privilegia o vídeo. Uma indagação persegue e tensiona a definição de como defini-lo para a produção online, pois a rigor, se a produção exibida pela internet é através vídeo.  Na conversa entre amigos em uma sala de aula virtual, o que se vê é a imagem do outro mediada, ou seja, uma imagem captada por uma câmera de vídeo. Ver a partir de uma tela implica na presença do vídeo como mediador. Uma das consequências deste formato de transmissão é a perda da escala e da partilha do espaço físico, a performance do corpo é substituída pela do rosto. Ao se conhecer alguém através da rede seu tamanho é uma incógnita, o mesmo vale para sua relação com o espaço,  perde-se a sociabilidade da presença física. Ganha-se o encontro possível, diante do estado de exceção experimentado. 

Se toda a produção pela Web é vídeo, e sistematizar toda a produção é inviável e pouco produtivo, optou-se por priorizar eventos artísticos de brasileiros como performances audiovisuais, ensaios audiovisuais, vídeos experimentais e documentários ou ficções voltados para a Internet e criados no calor da hora. Não foram contemplados festivais de cinema e vídeo que se utilizaram da internet como canal de exibição e para debates, ou seja, como meio de distribuição de conteúdos. Encontraram-se sites e eventos no Instagram de grupos de pesquisa em arte ligados a Universidades, coletivos de artistas e ações de centros culturais e artístico, o produtor independente também se encontra contemplado.

Inquietações Audiovisuais na Pandemia acredita na necessidade de se manter um mapa da produção criada durante aqueles dois anos: nomes e curtas descrições de obras, realizadores e links são a forma atual para a preservação das referências. Ouvem-se argumentos contra, sustentados por argumentos sobre excesso de produção. Pode haver, mas quem consegue manter seus acervos online? Esta metodologia e recorte geram um mapa da produção. Outra resistência à realização naquelas condições supõe pouca qualidade da produção. Deixemos a história julgar, perspectivas arqueológicas tem recuperado experiências não hegemônicas e abandonadas. Deixemos possibilidades para o futuro!

Para contemplar a diversidade de conteúdos produzidos o site destinou para a produção audiovisual as abas Autores, Obras, Eventos. Verbetes Fora do Recorte contemplam trabalhos artísticos que extrapolam nosso enfoque no audiovisual, mas são uma expressão artística inquieta da pandemia, entendendo-se a inquietação como uma forma experimental, há ainda links de publicações jornalísticas sobre a arte publicadas no calor da hora e referências bibliográficas. O projeto  Memórias do Futuro - Inovação Midiática Multimodal venceu a Chamada Universal do CNPq em 2021, iniciando os trabalhos no início de 22. A aba CNPq: Chamada Universal  traz a equipe de professores e estudantes de pós-graduação a apoiar o projeto.

inquietacoesav@usp.br

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Producing a portrait of an era basing it only on its audiovisual production and to preserve these references motivated the creation of the website Audiovisual Uneasinesses in the Pandemic. The years 2020 and 2021 changed the possibilities and conditions for production. The human being suffered from a plague whose lethality was minimized. Denial of the pain and sadness cannot be sold, therefore have little value for capitalism in its current configuration. The network became the possible public space, bringing together art makers and public online. The time frame utilized for this website focuses on a time when artworks involving meeting, sharing and physical proximity were banned.

Performatical arts and the opening of exhibitions exist in public. Being on the Web became the only option in those already distant years. To be or not to be or “Tupi or not tupi” wasn’t a question. To be able to exist, artists needed to occupy the universe of the networks, the presence began to take place as telepresence and the physical proximity was replaced, existing only physically a part.

With experimental audiovisual production as the main axis, the focus here was given to cataloging videos and audiovisual performances, as well as their respective authors and events. The hope for this production is to obtain a transversal reading of the artworks on a long term, and to organize a catalog so researchers may have a panoramic view of the productions from those years, notably in 2020. “At that time”… not just human nature conquered the cities. Animals with large sizes used to walk and rest on the streets and gardens, unpopulated with the massive human presence. The time of fear and other types of relation with space for the human species, with fine irony, left the “beasts” free.

Today there is an abundance of amateur production on the web, because of the pandemic these numbers were superlative. Experimentations from amateurs and
from professionals, with resources such as streaming platforms like the Netflix show Homemade, invaded the network. Artists with little to no financial resources found on the internet a space to exist. Our frame privileges the video. A question pursues and brings tension to how to define it for online productions, because strictly speaking, if a production is made for the internet, it's through video. In conversations between friends in a virtual classroom, what is seen is the other’s mediated image, that is, an image captured by a video camera. To see from a screen implies the presence of the video as a mediator. One of the consequences of this transmission format it’s the loss of scale and the sharing of physical space, the body’s performance is replaced by the face’s. When meeting someone through the web their size is unknown, the same goes for their relation with space, the physical sociability is lost. The possible encounter is won, given the state of exception experienced.

If every production on the Web is video, and to systematize all the production is unavailable and not very productive, it was opted for prioritizing Brazilian artistic events such us audiovisual performances, audiovisual essays, experimental videos and documentaries or fictions aimed to the Internet and created in the heat of that moment. Film and video festivals that utilized the Web as an exhibiting way or channel for debate weren’t contemplated, that is, the ones who used the Web only for distributing content. Websites and events that were found on Instagram accounts from art research groups associated with Universities, artist collectives and actions from cultural and artistic centers, the independent producer is also contemplated.

Audiovisual Uneasinesses in the Pandemic believes in the need to maintain a map of the productions created during those two years: names and short descriptions of artworks, producers and links are the current way for preserving those references. It’s possible to hear arguments against it, supported by claims of excess production. There may be, but who can keep their online catalogs? This methodology and time frame generate a production map. Another resistance to the realization of this work assumes low quality of productions. Let history judge, archaeological perspectives are recovering non-hegemonic and abandoned
experiences. Let’s leave possibilities for the future!

To contemplate the diversity of content produced, the website dedicated for audiovisual production the tabs Authors, Artworks, Events. Entries Out of the Frame include artworks that go beyond our audiovisual focus, but are artistic expressions uneasy from the pandemic, understanding uneasiness as an experimental form, there is also link for journalistic publications about the artworks publicated in the heat of the moment and bibliographic references. The project Memories from the Future - Multimodal Midiatic Innovation won the Universal Call from CNPq in 2021, starting to work at the beginning of 2022. The CNPq: Universal Call tab brings to the team professors and postgraduate students to support the project.


Edital Universal 2021

Apoio:
2023 - IAP - Inquietações Audiovisuais na Pandemia